Um elemento além das cenas
- EntreAtos Revista
- 6 de jun. de 2019
- 3 min de leitura
Atualizado: 7 de jun. de 2019
Desconhecida por muitos, a cenografia do teatro é um elemento essencial para a construção do ambiente teatral e do imaginário para o público.
Por Rayana do Carmo
Quando as cortinas abrem e o espetáculo começa, o público nem imagina a dificuldade do caminho para montar a apresentação. Antes de todo o glamour, há um trabalho duro, muitas pesquisas, e um brilho no olhar de que aquilo no final vai se transformar em algo mágico. Nesse processo a muitas conversas, planejamentos e vários elementos para serem desenvolvidos ao mesmo tempo. Entre esses elementos, um que vale a pena ser dito, é a cenografia.
Sabe aqueles espetáculos que são tão bons que faz com o que o espectador seja envolvido ao ponto de se sentir junto a história? Esse é o trabalho da cenografia. Ela é uma etapa, dentro da construção de uma peça, fundamental para que o espetáculo se destaque e faça com que o espectador se sinta parte da peça.
“Cenografia é a arte de projetar e executar a instalação de cenários para espetáculos teatrais ou cinematográficos.”
Foto: The Biz, Musical Luminus - reprodução

Como tudo na vida, nada começa fácil. Um processo de cenografia é bastante complexo. Bom, tudo começa com o diretor. vai nascer da idéia que o diretor da peça tem do ambiente. A partir daí, há um time envolvido para começar a montar o cenário.
Em Fortaleza, a escola The Biz, de apenas dois anos, mas André Gress, diretor e CEO da escola, conta que tem mais de 10 anos de atuação na área de cursos teatrais e trabalha, hoje em dia, com uma equipe voltada para a cenografia de peças. “Hoje quem está à frente desses aspectos como a cenografia é a Beatriz Vidal, que é recém formada em arquitetura e a Mariana Campos que é ilustradora. A Mari vai para os desenhos artísticos, fazendo os esboços em desenho, algo bem no imaginário. Já a Bia, vem para colocar estrutura, harmonização dos tamanhos, colocar no real os esboços que só estavam na imaginação da gente até então” comenta.
Como é o mercado aqui em Fortaleza?
Em fortaleza há pouquíssimos profissionais que podem ser chamados de cenógrafos. André explica que o mercado na cidade é ainda muito fraco e a falta de incentivo ajuda a agravar esse cenário.“Aqui em fortaleza há pouquíssimos (cenógrafos), ainda não é desenvolvido [...] é uma coisa ainda sendo formada. Isso eventualmente pode se tornar um modelo de trabalho, é uma aposta, mas se conseguirmos estruturar, acho que podemos atender uma parte de um mercado que ainda não foi totalmente explorada”, relata.
Por exemplo, Gress explica que em um de seus projetos, uma peça chamada “avenida Q”, um cenógrafo de Salvador teve que vir ajudar. "Ele projetou tudo lá em Salvador mesmo, com a sua equipe de cenotécnicos. O ‘avenida Q’ veio em 2 carretas para Fortaleza".
E os materiais, como fica?
Mesmo tendo lojas no centro de Fortaleza que possuem variedades de produtos e materiais de possível interesse para o cenógrafo, Beatriz nos conta que ainda é muito difícil achar materiais para a construção de cenários. "É bastante difícil, principalmente porque estamos em Fortaleza, agora se fosse no eixo Rio-São Paulo, seria muito melhor e mais fácil."
No eixo Rio-São Paulo, já existe a tradição de transformar materiais em algo diferente, como no carnaval por exemplo, onde há um trabalho de muitos anos na construção de alegorias para o desfile no sambódromo. Além disso, existem várias lojinhas como as da 25 de março em São Paulo e o Saara no Rio de janeiro. É um mundo de opções de materiais que vai desde os mais baratinhos até os mais caros. Com isso, Beatriz deixa uma dica : “Quanto mais tempo de pesquisa, mais fácil vai ser a mão na massa. Fazer testes com o material também é muito importante".

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