Teatro oriental: espetáculos que lutam pelo reconhecimento em território ocidental
- EntreAtos Revista

- 17 de abr. de 2019
- 2 min de leitura
Atualizado: 7 de jun. de 2019
Complexas e cheias de significados, as apresentações acontecem principalmente no sudeste do país
Por Raisa Bezerra

Quando se fala sobre teatro oriental logo se imagina representações artísticas que são habituais no Brasil. Ele é uma típica manifestação cultural da Ásia, onde os significados de teatro conhecidos popularmente no ocidente, são outros.
Nas apresentações teatrais, o olhar europeu pode desfigurar o real significado do teatro oriental. Para Wanderson César, ou Mei Jillian, professor de teatro com estudos voltados para o oriental em Recife (Pernambuco), isso pode causa uma barreira para a aceitação da arte oriental no Brasil. “Nós ocidentais demos o nome das manifestações artísticas de ‘teatro’ apenas para ‘catalogarmos’ isso de forma melhor, mas muitas manifestações artísticas asiáticas estão completamente distantes do que nós entendemos por teatro. A Ópera Chinesa – minha principal pesquisa ao longo da vida acadêmica – por exemplo, é um grande choque para qualquer ocidental”, comenta.
A história do teatro oriental permeia seis séculos de evolução. Do teatro chinês realizado ao ar livre, ao teatro japonês, este mais sofisticado. As manifestações se popularizaram como uma forma artística peculiar desses povos. Presente em vários países da Ásia, como China, Japão e Indonésia, esse tipo de teatro tem um entendimento complexo, além da própria apresentação. A união de literatura, psicologia e agilidade são necessárias para o desenvolvimento da peça, que pode durar horas.
O drama, a prosa e o verso são utilizados para as representações teatrais. Figurinos excêntricos, maquiagens chamativas e uma super produção visual compõem a obra teatral oriental. Por conta disso, sua aceitação fora do eixo asiático pode ser difícil no Brasil. “Atores com rostos pintados, figurinos extremamente coloridos e técnicas vocais completamente destoantes do que conhecemos como ópera aqui no ocidente. Diante de algo com uma estética estranha, falado ou cantado de forma estranha, interpretado ou dançado de forma estranha, a aceitação é quase nenhuma”, completa Jinlian.
As manifestações teatrais asiáticas apresentam, basicamente, duas variações: a Nô, uma forma de teatro mais refinada; e a Kabuki, um teatro mais popular. No Kathakali, dança teatral da Índia, os atores não falam nada e apenas alguns personagens emitem sons, mas não palavras. Tudo é desenvolvido com o corpo e com o auxílio de músicos que cantam a história enquanto os atores dançam e gesticulam com de mãos e braços.
No Brasil, as principais apresentações do teatro oriental acontecem no eixo sul-sudeste, o que impossibilita a disseminação desta cultura para outros povos. Para Mei Jilian, a pesquisa sobre esse tipo de manifestação cultural ainda precisa avançar muito. “Eu sou apenas um pesquisador recifense, todas as minhas vivências – se é que posso chamar assim – são baseadas em pesquisa, seja materiais escritos ou vídeos. Porém é um fato que, por diversas vezes, grupos de teatro vieram de seus países – tanto atores do kabuki quanto da ópera chinesa – para fazer apresentações no Brasil, tudo isso, claro, em São Paulo. Ainda espero um dia poder receber mais dessa cultura aqui no Nordeste”, pontua.

Wanderson César, ou simplesmente Mei Jinlian, tem 23 anos e estuda Licenciatura em Teatro na Universidade Federal de Pernambuco - UFPE.
Com carreira artística desde os 6 anos, passou boa parte da vida fazendo teatro na escola, até chegar ao ensino médio e cursar licenciatura.



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