Duas mulheres praticam crimes hediondos e se tornam um grande sucesso na grande mídia americana
Por Luan Viana
Crítica
Traição, crimes e desavenças. Até que ponto a busca pela fama vale a pena? É impactante ver e refletir até onde as atitudes de Roxie partem do seu inconsciente e não do seu comportamento natural. Por qual motivo esse desejo pelo sucesso (ou pelo estereótipo de sucesso) ultrapassa o limite até mesmo das leis?
Outra crítica veemente e super assertiva no filme é o modo em que os jornalistas se portam diante das notícias relacionadas ao caso, mostrando um claro despreparo e uma preferência ao sensacionalismo que destoa da veracidade dos fatos. Contudo, quem se interessa pela verdade? A sociedade gosta de histórias e manchetes impactantes, correto? Esse é mais um ponto de total felicidade do filme ao apontar esta ferida aberta em nosso social.
Chama muito a atenção o maneira em que o musical desperta um alerta a respeito do culto às celebridades instantâneas. Visto que, apesar de não ser uma produção antiga, mas que já tem seus 17 anos, esse tipo de fanatismo está muito em alta no contexto das redes sociais. Mais impressionante ainda é imaginar que a produção de Chicago para o Teatro foi criada em 1926, por Maurine Watkins.
Chicago foi uma obra que repercutiu muito entre o grande público, não somente pelas inúmeras premiações, mas principalmente pelo modo em que criticou sobre a maneira em que a sociedade adora massificar e alimentar situações polêmicas que emplacam na grande mídia. Esse contexto cabe sucintamente nos dias atuais e é de suma importância que todos nós possamos refletir até que ponto também alimentamos esse mecanismo.
O filme se tornou referência entre musicais de grande sucesso, sobretudo pela forma em que misturou emoções, dilemas e a própria arte. Entre outros destaques, a trilha sonora de Chicago marcou época, com canções de sucesso como “Cell Block Tango” e “Nowadays”.
Sinopse
Assistir um bom musical sempre é agradável e estimula nossas emoções. O filme Chicago, produzido em 2002, adaptado para o cinema por Bill Condon, marca a estréia de Rob Marshall como diretor. O longa foi destaque absoluto no Oscar em 2003, vencendo seis categorias: Melhor Atriz Coadjuvante (Catherine Zeta-Jones), Melhor Mixagem de Som, Melhor Direção de Arte (Jonh Myhre e Gordon Sim), Melhor Figurino (Collen Atwood), Melhor Montagem (Martin Walsh) e o de Melhor Filme do ano.
No Globo de Ouro de 2003, mais destaques e três premiações: Melhor Ator em Comédia e em Musical (Richard Gere), Melhor Atriz em Comédia ou Musical (Renée Zellweger) e Melhor Filme Cômico e Musical.
Chicago é um grande exemplo de obra que critica diversos pontos de nossa sociedade e satiriza a forma como as pessoas buscam o sucesso. O filme conta a história de Roxie Hart (Renée Zellweger), uma artista que almeja a todo custo ser reconhecida e popular.
Para alçar tal feito, ela não mede esforços e se propõe a situações que colocam em questão seu caráter e sua índole para conseguir alcançar esse objetivo. Roxie acaba indo para a prisão, e nesse ponto do longa, é ironizada a forma como a sociedade é capaz de transformar tudo, até mesmo o crime, em espetáculo.
Na prisão exclusiva para mulheres, Roxie encontra Velma Kelly (Catherine Zeta-Jones), uma vedete famosa que se popularizou nos tablóides ao assassinar seu marido e sua irmã depois de descobrir que eles tinham um caso. Roxie já conhecia o caso de Velma, que inclusive foi sua inspiração para tomar a iniciativa de também assassinar o seu amante. Nesse encontro, se inicia uma disputa pelo espaço na mídia e pela popularidade na sociedade, mesmo com as duas dentro da prisão.
O advogado de Roxie, Billy Flint (Richard Gere), a todo momento oferece a grande mídia o que ela deseja: manchetes e histórias de impacto. A sua intenção é comover o público e buscar uma simpatia popular pela parte de sua cliente. Nessa situação, Flint resolve recriar a história de Roxie, inverte fatos, cria mentiras sobre sua origem e sobre seu envolvimento com o crime, além de montar todo um contexto que alimenta as fofocas e tira Roxie de cena.
E sem questionar ou verificar essas declarações, a grande mídia se deleita com as histórias e a popularidade do caso, aumentando sua repercussão. No entanto, a trama mostra que não é a mídia a única vilã do contexto. Durante o julgamento, o próprio tribunal é transformado em um circo, que termina sendo um retrato crítico da justiça e uma reflexão sobre inocentes castigados e culpados absolvidos.
Confira abaixo o Trailer de “Chicago”:
Comments